Artigo de PY2MOK - Leonas Keiteris
Eu sempre
digo que relação de ondas estacionárias ( R.O.E.), se ajusta na antena e não
no cabo coaxial. E digo mais anda, que o tamanho ou comprimento da linha de
transmissão coaxial é irrelevante para o funcionamento e R.O.E do sistema
irradiante. Digo isto com base em fundamentos científicos e na própria
experiência de anos que venho acumulando como técnico de RF, especializado na
manutenção de transmissores de radioamador.
Existe circulando há anos, nos meios amadorísticos de radiocomunicação, algo que considero um mito a ser desmistificado neste artigo, qual seja: " o de que é necessário, essencial e imprescindível que o cabo coaxial seja cortado em um tamanho certo e exato múltiplo do cumprimento da onda, isto para fins de obtenção da almejada R.O.E. de 1,1:1, " este é o mito ! Esta crença , cuja possível origem também indicarei mais adiante, leva a muitas pessoas dedicarem horas a cortar pedaço por pedaço do seu cabo coaxial, buscando obter a diminuição da R.O.E..
Existe circulando há anos, nos meios amadorísticos de radiocomunicação, algo que considero um mito a ser desmistificado neste artigo, qual seja: " o de que é necessário, essencial e imprescindível que o cabo coaxial seja cortado em um tamanho certo e exato múltiplo do cumprimento da onda, isto para fins de obtenção da almejada R.O.E. de 1,1:1, " este é o mito ! Esta crença , cuja possível origem também indicarei mais adiante, leva a muitas pessoas dedicarem horas a cortar pedaço por pedaço do seu cabo coaxial, buscando obter a diminuição da R.O.E..
O objetivo
deste artigo é esclarecer que isto não é necessário, passando a entender o
porque podemos de fato possuir um cabo coaxial com um tamanho aleatório e
qualquer, tamanho este limitado apenas pela comodidade do radioamador em te-lo
conectado do rádio à antena, sem sobras ou faltas e sem a desgastante
preocupação de corta-lo e ainda ao depois picota-lo lenta e despedaçadamente,
em pretenso ajuste fino de R.O.E. , numa tarefa desgastante e desnecessária.
A relação de
onda estacionária se ajusta na antena e não no cabo ! Existe um fenômeno
físico responsável por esta verdade, qual seja: " quando a linha coaxial de
transmissão esta terminada por uma impedância de carga (lado da antena) igual
a impedância característica da linha, de modo que a R.O.E. seja 1:1 ( na
terminação), a impedância de entrada da linha ( lado do rádio) será
simplesmente a mesma impedância do cabo coaxial independente do seu
comprimento. Se a carga ( antena) se encontra perfeitamente adaptada a linha,
esta ( a linha) aparecerá (para o rádio), como infinitamente comprida e a
impedância de entrada ( lado do rádio) será a impedância característica da
linha propriamente dita.
Ou de outro
modo, uma linha curta, terminada em uma carga puramente resistiva igual a
impedância característica da linha, atua justamente como se fosse
infinitamente comprida , sendo que em uma linha equilibrada como a descrita (
Z linha = Z carga), a energia viaja desde a fonte ( transmissor) até a carga
(antena) onde é completamente absorvida, sem reflexão ( onda estacionária).
Referências técnico-teóricas contidas no conhecido livro " The Radioamateur's
Handbook ", sustentam o acima descrito no mesmo sentido, senão vejamos : " Se
a resistência de carga que denominamos Zr, era igual a impedância
característica Zo, de uma linha, toda a energia era absorvida pela carga. No
dito caso não existe potência refletida e portanto não há ondas estacionárias
de corrente nem de tensão " (trecho que traduzi da obra citada, em castelhano,
ed . 1962, Arbó - Argentina).
Ajustando
a R.O.E.
Assim
saibamos que, qualquer que seja o comprimento do cabo coaxial, na sua estação
de radioaficcionado, quando sua antena for ressonante ai então sua resistência
de irradiação será igual a impedância do seu cabo coaxial, só ai este cabo
apresentará a sua impedância característica e transportará a energia de RF até
a antena com a menor R.O.E. . Para ajustar a freqüência de ressonância da sua
antena dipolo horizontal ou direcional, é necessário com o medidor de R.O.E (
refletômetro) acoplado na saída do transmissor, ajustar o comprimento da
antena , aumentando-o ou diminuindo este tamanho, isto fará com que a antena
passe a ressonar na freqüência que você escolheu previamente e apenas e tão
somente nesta freqüência de ressonância sua impedância se adaptará a linha
coaxial e a R.O.E. será a menor possível. Eis que o ajuste se faz na antena e
o comprimento do cabo pode ser aleatório , mesmo porque apenas uma antena
ressonante é a única que absorve e irradia a maior quantidade possível de
energia .
Atenção,
toda antena após calculada teoricamente o seu tamanho, necessita
obrigatoriamente ajuste e conferência na prática, com o refletômetro ( medidor
de R.O.E.) e um ajuste no seu cumprimento para mais ou menos do tamanho
projetado, eis que isto é necessário, pois o meio ambiente em derredor
(objetos) mudam, afetam e alteram a impedância da antena, afastando-a do
resultado teórico-calculado, em relação ao prático.
Como Surgiu o Mito
Suponho que
no decorrer dos anos, considerando que, quem conta um conto aumenta um ponto e
ainda considerando que no meio radioamadorístico não predominam os técnicos em
eletrônica, aliás a maioria atual são pessoas leigas interessadas mesmo em se
aprimorar na radiotécnica, eis que provavelmente houve uma distorção e
desvirtuamento do seguinte princípio físico das linhas ressonantes, que levou
ao posterior surgimento e difusão do mito: " A impedância de entrada de uma
linha que funciona com alta R.O.E ( observo : condição indesejável nos
contemporâneos sistemas irradiantes de radioamador) , depende criticamente do
comprimento da linha equivaler a algum múltiplo de um quarto de onda . Estas
linhas que funcionam com alta R.O.E., são chamadas de linha sintonizada ou
ressonante. " O citado "Amateur's Handbook" diz o seguinte sobre o caso (que
traduzi) : "A sintonia da linha se torna unicamente necessária quando se deve
tolerar um considerável desequilíbrio entre a carga e a linha " ( observo:
para fins radioamadorísticos os modernos transceptores transistorizados não
toleram consideráveis desequilíbrios entre antena e o cabo coaxial ).
Vemos ai
então, toda a semelhança entre esta teoria " das linhas ressonantes de alta
R.O.E. " , que provavelmente era aplicada na época em que existiam linhas de
transmissão feitas com dois condutores paralelos, dos antigos sistemas de
radiotransmissão , transformando-se contemporaneamente no mito do tamanho do
cabo coaxial, múltiplo de ¼ da onda, ora desmistificado.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
KEITERIS (PY2MOK
- Léo), Leonas O mito do cabo coaxial, in Revista Radioamadorismo e
Faixa do Cidadão, nº01, sd.
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